quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Total Recall e morar numa cidade pequena


Este fim de semana assisti à refilmagem de Total Recall: Colin Farrell está mais ou menos, Kate Beckinsale linda como a esposa, Jessica Biel como mocinha, mas o que na verdade me chamou a atenção foi a super população da "colônia", uma espécie de super favela tecnológica, onde as pessoas estão "presas" às suas funções e com rígido controle para ir à cidade.
Nossa mobilidade aqui em 2014 também é um pouco limitada, eu por exemplo tenho um passaporte brasileiro, portanto preciso de visto para alguns lugares, que pode ser negado mesmo mediante quantia um tanto quanto exorbitante, Estados Unidos te faz ir a dois lugares, ficar em longas filas e pagar, Canadá pede carta de recomendação e dinheiro, Japão motivos da viagem, declaração de bens e dinheiro. Mas temos acordos com alguns países onde, sendo turista, entra-se facilmente por limitado período de tempo. Depois de conhecer pessoas da China e Uzbequistão, vi que não estou em tão má posição assim, Uzbeques precisam de visto para deixar o país, sim, eles tem que avisar que vão sair, dar o motivo e voltar para regularizar a situação. Já na China habitantes de uma região, não podem mudar tão facilmente para outras, mais populosas. É um tanto quanto Total Recall, certo?
O que achei interessante também é a população da "colônia" , uma megacidade com etnias de todos os lugares, com letreiros em diversas línguas, mas principalmente inglês e chinês e pessoas, muitas pessoas pela rua, sujeira. Toda vez que assisto a filmes de ficção científica como esse penso que não quero viver em um mundo bagunçado como o retratado.
Ainda mais agora, indo para meu quarto mês morando numa ex-vila, com pouco mais de 25 mil habitantes, onde domingos e dias de semana após 22 horas, quase não se encontra pessoas. É calmo, dá para andar de bicicleta e dormir sem barulho. Eu achei que ia odiar morar em cidade pequena, estou sendo surpreendida, pode ser a idade, ou o fato de saber que é temporário.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Amor à Primeira Vista

A todo lugar que vou tento manter uma conexão com o ambiente, tento ver se sinto algum Dejá vu, aquela sensação misteriosa de já ter feito algo, visto alguém ou estado em algum lugar antes, que muita gente eu acredita ser em outra vida.
Quem não gostaria de saber que na vida passada viveu perto de um dos belos castelos na Europa, ou numa exótica praia nas Filipinas, o que eu não quero saber, mas que é mais provável, é que fui uma camponesa trabalhando na França medieval, que recusando-se a pagar os impostos, foi queimada como bruxa, ou falando alguma besteira e foi enforcada como bruxa, é bem possível que alguma das duas opções tenham acontecido.
Sexta-feira eu perambulava pelo sebo em frente a Goethe Universität, só para olhar os títulos mesmo, coisa que estudantes e amantes das letras entenderão, ou para ver se achava algum dicionário ou gramática do alemão, passo por uma fileira e um livrinho pequenino me chama a atenção, eu estava a uns quatro metros de distância, mas mesmo assim consegui enxergar aquela lombada de 4 centímetros. 
Eu me aproximei de sua capa em couro com arabescos e o desenho de um Querubim, folhei suas páginas amareladas em busca de data, mas alguém havia arrancado as primeiras páginas, talvez porque havia alguma dedicatória romântica? Nunca vamos saber. O título tinha a palavra Gechichte, história, o resto não me lembro, o meu Hans ainda anda perneta. O conteúdo, talvez mesmo se eu entendesse alemão não conseguiria ler, era difícil de diferencia, as letras eram ao estilo Old English Text MT do Word. Tudo muito lindo, mas um pouco inútil.
A vendedora falava espanhol, o que era melhor para mim, negociar em mímicas não é tão fácil, cuánto cuesta? Pergunto, es doce, pero para ti es diez. Olho desolada, dez euros, se eu fizer a conversão, não vou levar. Bem que dizem que "quem  converte não se diverte", mas é diferente uma viagem de vinte dias para uma estada de dois anos. Ela entende meu dilema, se trata de un libro muy antiguo. Lo sé, y muy bonito también. Sei que fiz errado aqui, ao barganhar eu deveria ter informado, pero le falta las primeras páginas! Mas eu estava apaixonada, e quando nos apaixonamos esquecemos os defeitos que estão ali, literalmente na primeira página.
Pedi um tempo para pensar, olhei outras capas, e fiz o teste do "da próxima vez", o que quer dizer: se da próxima vez que eu for ao sebo o livro ainda estiver lá, é porque está me esperando e eu tenho que levar. Não aguentei esperar e voltei algumas horas depois, a vendedora já estava indo embora.

Hoje vou tentar de novo.



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O dia em que roubaram meus Timberlands na Alemanha

Título alternativo: The-day-I-had-my-fucking-100-euro-hiking-shoes-stolen


Nao sou o primeiro e nem serei o último brasileiro bobao que confia demais e esquece que existem ladroezinhos em qualquer lugar, mesmo no centro esportivo da faculdade, onde apenas é possível entrar mostrando a carteirinha e tênis limpos.


Pois é, aconteceu, e hoje eu fiquei bem puta-da-vida chateada pois fiz a minha primeira trilha com os amigos da faculdade, tive que usar um tênis idiota de 12 euros que comprei para poder entrar no bendito centro esportivo. O bom é que até os sapatos tosquinhos tem solado antiderrapante, Sem maiores problemas para andar pelo barro.


Uma vez por semana temos essa aula de ginástica chamada Bauch, Beine & Po, nosso querido GAP do Brasil, e para nao fazer feio eu a frequentava só para fortalecer o esteriótipo (brasileiras só malham glúteos). A sala é super lotada, por isso é normal deixarmos nossos pertences no vestiário, eu só levo comigo coisas que nao podem ser roubadas mesmo, como carteira, celular, nesse dia coloquei minhas botas dentro de uma sacola plástica, amarrei e coloquei dentro de uma outra bolsa com uma frigideira que ganhei da minha amiga. Quando voltamos ao final da aula, a frigideira estava longe, e as botas na mochila de alguém.


Fiquei com raiva, mas decidi para a minha vida que vai ser difícil alguma coisa realmente me chatear, ainda mais coisas materiais, isso passa, e eu sabia que elas seriam aposentadas aqui na Alemanha, além de estar com elas no pé o tempo todo, elas tinham dois anos de uso comigo, e mais alguns meses com o antigo dono.


Eu conto para meus colegas e ninguém acredita, por que alguém faria isso? Porque independente do lugar, pessoas sao pessoas,pode ser no primeiro mundo, na faculdade, no trabalho (como ouvi de uma amiga que pegaram o celular no banheiro e nao devolveram), o ser humano é um bicho fodido, acumula coisas ruins por motivos fúteis.


Mas eu acredito em abrir espaco para o novo, que venham as novas botas!



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Se vira...

(I really need to write in my Muttersprache! I miss my sonorous and sweet Brazilian Portuguese!)

Eu tive que voltar a escrever em português pois algumas coisas só soam engraçadas na nossa própria língua (também porque fico com preguiça de escrever em inglês, como vocês viram).

Novidades? Tantas que nem sei por onde começar, ok, sei.


Terça-feira tive meu primeiro, e se tudo der certo, último exame do mestrado, era uma prova com 6 perguntas, 2 de cada foco, deveríamos escolher uma de cada e responder em 90 minutos. O formato da resposta era dissertação-argumentativa, felizmente algo que cansamos de fazer na faculdade de Letras e nos vestibulares. Acho que neste ponto eu tive uma vantagem, normalmente eu estruturo respostas neste formato: introdução, desenvolvimento e conclusão. Então, espero que os professores concordem com as minha ideias.

Spring-break começou hoje, mas nem por isso significam férias, tenho dois trabalhos para entregar, um usei a malandragem Fefelechiana e vou fazer análise de filme e o outro vai ser um desafio maior, vamos ver como sai.

O outro ponto é o Se vira nos (quase) trinta! Ainda tenho 395 dias até lá, mas já começo a rever o que quero para o meu futuro. O fato é que sou a personificação da música do Zeca Pagodinho, aos trancos e barrancos a gente leva, apesar de ter vontades de coisas que quero fazer, eu vou meio com o que aparece, sugestões, ideias e muitos "por que não?"
Uma amiga aqui falou que tenho bastante experiência profissional e bem diversa, e que isso é bom. Bom para experimentar novas áreas. Pode ser. O fato é que já tentei ser "adulta" e falhei miseravelmente, declarei imposto de renda errado, estraguei roupas ao tentar lavar, sou dependente demais do meu círculo (familía e amigos).
Mas estou tentando novamente e dessa vez bem longe, apoio só pelo Skype e mensagens lindas nas minhas redes sociais!
Coisas engraçadíssimas estão acontecendo, daquelas que você chora, mas sabe que daqui alguns anos vai rir delas, eu estou tentando rir já!

look pescadora


Vamos aos itens que eu tenho que dominar para adentrar o "mundo adulto" ainda que tardiamente:

- Lavar a própria roupa (tentando não estragar muito) = Feito
- Alimentar-se saudavelmente = quase (minha casa atual só tem o topo do fogão, basicamente me alimento de ovos = omelete e cozidos, saladas, pão, yogurt e frutas, mas no bandejão só salada e proteína)
- Seguir a agenda de compromissos = quase
- Manter o quarto/casa limpa = Feito (mas não é muito divertido ter 3 roommates, entre eles um cara de dezenove anos)
- Cuidar da minha própria saúde = Quase (não é apenas comer direito, é não esquecer o guarda-chuva, usar roupas quentes, tomar uma vitamina quando precisar. Mas é bem difícil ficar doente sozinha, parece pior)

Coisas que estou aprendendo / saudades:

- Valorizar o sol/calor ( não gosto do fato do sol nascer às 8h e se pôr às 16h, ainda bem que o dia já está ficando mais longo)
- Amigos
- Como somos carinhosos e atenciosos (hoje uma americana expressou sua felicidade pelo fato de eu ser brasileira, sempre bem humorada e disposta)
- Saudades dos meus encontros do Couchsurfing onde eu demorava 30 minutos para me despedir das pessoas, aqui é assim, falou tchau, as pessoas nem esboçam reação.
- Atividades gratuitas (não existe nada, ou pelo menos quase nada, de graça aqui, quer fazer xixi? Tem que pagar, até na balada/mcdonalds tem uma mulher com paninho e um pratinho onde você tem que deixar umas moedinhas, basicamente só parques são de graça, se algum dos meus experts em Alemanha souberem de atividades para o povão, favor escrever aqui!)
- Perrengue é foda, mas te ajuda a amadurecer que é uma beleza.
- Europeus não sabem quem foi Carmen Miranda, não sabem! Estou generalizando, mas acho que faz sentido, eles acham que o Minion com frutas na cabeça é só uma criação original! Felizmente americanos sabem que ela foi.
- Enquanto na América do Sul falamos em Países em Desenvolvimento, para eles somos terceiro mundo e estamos todos no mesmo pacote, aparentemente é por culpa da escravidão, que eles insistem ser uma criação dos países pobres.
- Que você só percebe de onde vem, quando não está mais lá. Claro que odeio um monte de coisa do meu país, da América Latina, mas descobri que somos muito mais fodas do que imaginamos, jogo de cintura é só uma das coisas que me orgulho de ter (para dançar e para viver!)

Viva as cores, a alegria!

O caminho é longo, imagem inspiracional do jardim do castelo de Heidelberg...




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