sexta-feira, 29 de julho de 2011

O universo de Crystalline

Foto por Inezvan Lamsweerde & Vinoodh Matadin

Eis que Björk retorna, ainda mais genial e inovadora, e apresenta seu primeiro clipe do novo trabalho, com um diretor também conhecido por sua genialidade e porque não dizer, maluquice!
E de qual planeta essa cantora vem?
O planeta é o nosso mesmo, mas ela vive numa outra esfera, não existem limites sonoros ou visuais, tudo faz sentido,
Começando pelo seu local de nascimento, Islândia, você já parou para pensar sobre o povo que lá vive? E o cenário?
Mais ou menos 320 mil pessoas moram nessa ilha situada ao norte do continente europeu, com vulcões ativos e muito gelo, ambiente surreal, com heranças nórdicas que muito influenciaram o som de Björk. Eu fiquei encantada com essas imagens e inclui a ilha na minha lista de lugares a visitar antes de morrer:


O clipe Crystalline saiu na segunda-feira dia 25 e é mais um dirigido por Michael Gondry (do filme que todo mundo deveria amar, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e Sonhando Acordado).O diretor ainda promete um projeto “musical científico tridimensional” como o declarou ao New Musical Express no ano passado.
Também foi lançado um aplicativo para iPad que reproduz este universo numa “viagem multidimensional”, ele permite uma experiência para olhos, ouvidos e imaginação.
Segundo o designer do app, Scott Snibbe, a intenção é retomar o costume que as pessoas tinham antes de chegar os CDs, comprar um vinil, sentar em frente ao aparelho e observar cuidadosamente a capa enquanto ouvia as faixas. Experiência extinguida com o MP3, agora simplesmente fazemos o download da música e quanto mais rápido, melhor.
Difícil alguém que realmente preste atenção naquilo que está ouvindo, colocamos a música para tocar enquanto realizamos outra função, como correr, digitar, trabalhar.
Para Snibbe, o aplicativo proporciona a experiência de tirar o lacre do disco, ao descobrir as funcionalidades dele, para então ouvir a música. Que vem ao seu tempo. Ele ainda completa dizendo que o app Crystalline é como Björk vê a música em sua cabeça, de maneira sinestésica, em túneis.

Eu não tenho iPad, mas brinquei um pouco com o app hoje na agência, e podia ficar viajando pelo universo da Björk durante horas! Ela realmente tem uma maneira diferente de “ver” as melodias, fico pensando na protagonista de Os Teclados de Teolinda Gersão, a menina Júlia não precisa do instrumento para ouvir a música, ela sentia as notas musicais e via uma ordem dentro do caos, como no trecho: “E foi assim que um dia falou do número. Através da medida, o caos transformava-se em cosmos. Idéias antigas, que tinham atravessado os milênios. O cosmo era o universo ordenado, regido por leis e princípios inteligíveis aos humanos. Através de uma regra interior, o universo escapava ao acaso. Havia relação entre a estrutura do cosmo e a da música. A primeira música era a de cada planeta. O movimento dos planetas era música, a música era o princípio de tudo, a expressão de poderes superiores que governavam o mundo. Cada corpo celeste possuía uma nota e um acorde específico, o conjunto traduzia a harmonia do universo. Aqui em baixo, na terra, só o ouvido sutil a podia alcançar: através de tudo o que existia, podia ouvir-se, com esse ouvido interior, a harmonia superior que governa o mundo. Que se passa, Júlia?” (pp.71 e 72). A ideia de universo da música.


OS TECLADOS, de Teolinda Gersão. D. Quixote, 95 págs

Um comentário:

Relativizando Absurdos disse...

Björk é toda de outro mundo mesmo!! Eu não sou a maior fã dela, mas não tem como negar o talendo "diferenciado" dela :)

E esse clipe, gente... muito aleatório, mas combina muito com o ritmo da música e com a ideia de outro mundo da Björk hauhuahau

bjus

Por Sami

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