terça-feira, 23 de outubro de 2012

Desafio Pessoal e Madame Bovary

Terminei a faculdade e emburreci. Exatamente, vinha de uma rotina maluca de textos em inglês, três a quatro romances por semestre ( em cada matéria de literatura), monografias, análises, japonês... Eu me formei e desisti dessa vida, fui fazer curso de desenho de moda, li sobre marketing digital e passei alguns meses após a formatura redigindo email marketing e escrevendo conteúdo para blogs comerciais.
Parecia tudo muito interessante e importante, mas como tudo que repetimos na vida, ficou chato e maçante, eu passei a odiar a internet. Na verdade foi amor e ódio. Para as coisas pessoais ainda gostava, o chat do Facebook servia para conversar com os amigos, twitter ver links das revistas e pessoas que gosto, os blogs para me inspirar, mas tudo começou a me irritar novamente.
Eu tinha ficado três meses sem celular, entrando rapidamente na net e aproveitando tudo que uma vida outdoor pode oferecer: praia, camping, exposições, passeios então quando voltei à minha rotina de São Paulo, cansei do blog, do Twitter, Fousquare, etc...
Então me inscrevi em três cursos no Coursera , como duas das matérias possuem uma extensa lista de leituras recomendadas, estabeleci uma meta de um livro a cada dez dias, originalmente era um por semana, mas já vi que de fim de semana não consigo avançar  muito.
Vale coisas mais simples, como autoajuda, ou algo mais denso. Um dos livros da lista é Madame Bovary, quando fui pedir emprestado às minhas amigas algumas disseram que era muito chato, logo lembrei que O Primo Basílio era inspirado na obra de Flaubert e comecei a ler com um pouco de descaso, prestando mais atenção às descrições, e como é cheio de descrições...É o romantismo, né! Mas a Ema não tem nada a ver com a chata da Luísa! Ela é intensa, tem o sangue quente, quer tudo e quer na hora. Ela sofre por ser mulher, porque mulher não é livre como os homens, não somos hoje, quem dirá no século XIX?

Sempre enfadada!

E as descrições não são chatas, elas tentam reproduzir o ambiente, as vestimentas da época, dão um clima ao enredo, eu acho que estamos acostumados à simplificar tudo demais, por isso ultimamente tudo é incompleto e mal feito, a julgar nossas relações, parecem um fósforo, quando riscamos a chama é intensa e ilumina tudo a volta, mas em alguns segundos se extingue, isso para amizade, relacionamento amoroso, gostos. Não é com todo mundo, creio que tenho umas cinco pessoas na minha vida que possuem profundidade.
Desde que comecei o desafio, dia 7 de outubro, terminei três livros: Sobre a Mosdernidade, de Baudelaire, O Poder do Agora e Madame Bovary, o próximo é The Lighthouse, da Virginía Woolf.
Estou aberta à sugestões, o que devo ler e fazer para desembodear?

Um comentário:

Mandi disse...

Entendo super essa sensação; acho que foi até por isso que saí do iD e resolvi terminar a licenciatura e (ideia MAIS LOUCA AINDA) prestar letras de novo para fazer a habilitação em japonêse retomar umas matérias do russo! Eu me sinto meio useless fora do meio acadêmico e tô morrendo de vontade de entrar na sala do meu orientador cantarolando "eu volteeei, volteeeei para ficaaaar"... :P

PS - AMO Madame Bovary e acho O Primo Basílio o ápice do tédio. Brinco que a obra do Eça é uma daquelas cópias descaradas de best sellers tipo "Decifrando o código Da Vinci" versão século XIX, hihihihi

Bj!
Amanda

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